Adaptação
ADAPTAÇÃO - DURA REALIDADE NO CAMPO MISSIONÁRIO
“Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios, chegar a salvar alguns.” (1 Coríntios 9.12b)
Paulo ensinou o que é pregar o evangelho em qualquer cultura, pois sempre foi sensível a cada realidade e situação que enfrentava. Também o próprio mestre, Jesus Cristo, ensinou a seus discípulos, preparando-os para cumprirem um ministério transcultural. Temos outros exemplos ainda na Bíblia e muitos outros, que se seguiram por toda a história da evangelização, mostrando-nos que a principal característica de um missionário é deixar sua pátria. Na realidade, o missionário não tem pátria, pertence ao lugar onde Deus o enviar, ele deve se transculturalizar. Porém na prática, às vezes isto não acontece, havendo geralmente alguns motivos que interferem neste processo. É sobre isto que queremos fazer nossa reflexão, sobre o tema da adaptação do missionário, e que nos exemplos mencionados acima, também tiveram que enfrentar as mesmas dificuldades.
Alguns missionários foram bem sucedidos, entretanto outros não. Isto aconteceu nos tempos bíblicos e também tem sido a causa do retorno de um número relativo de missionários, antes que seu trabalho terminasse.
Jesus, Paulo, Pedro enfrentaram estas dificuldades? Sim, e como!!!
Exemplo: Jesus, como filho de Deus, deixou os céus, deixou tudo para habitar entre os homens. Vejam a diferença! Céu e terra. Em Israel, já havia a presença de várias nacionalidades, gregos, romanos e outros, o idioma mais falado era o romano, a cultura era o grego. Imaginem o quanto foi difícil para Jesus pregar sua mensagem em meio a tanta gente diferente e ainda ter que preparar discípulos com a mesma competência e visão. O dia de Pentecostes foi marcado em Jerusalém com a pregação de Pedro e João, com a presença de pessoas de várias nacionalidades do mundo inteiro. Pedro só entendeu o chamado para os gentios, porque Deus lhe falou fortemente. A maior barreira para Pedro era o problema cultural. O choque cultural é inevitável, e nós temos que estar preparados para enfrentá-lo. Mas o que é um choque cultural? É como se fosse um distúrbio emocional, resultante do ajuste de um novo ambiente cultural, onde temos que perder nossos vínculos familiares e sociais e nos integrar a uma nova cultura.
O choque cultural pode ser divido em três fases:
1- Fase turística: É o momento em que chegamos. Tudo é novidade, tudo é festa. Não percebemos nada errado, saímos com muitas despedidas, nossa moral está em alta, amigos foram ao aeroporto, prometeram orar por nós e muitas outras promessas que ficamos a esperar. Escrevemos cartas, fazemos nosso diário e este tempo pode durar de três a seis meses.
2- Fase crítica: Quando começamos a cair na realidade, a saudade começa a afetar nossos sentimentos, percebemos que não sabemos nos comunicar com as pessoas, não conhecemos ninguém, então nos damos conta de que não estamos mais em nosso país, estamos em um lugar muito diferente. Começamos a ver defeito em tudo, nada serve, nada é bom.
À proporção que passa o tempo, surge a cobrança dos resultados. O povo não corresponde às pregações, os planos que traçamos parecem não funcionar. Nesta fase, muitos missionários voltam do campo, frustrados.
3- Fase da adaptação transcultural: Isto acontece, quando começamos a aceitar a cultura do país em que estamos e agora ela passa a ser nossa. Amamos o nosso país, mas também amamos o novo país onde Jesus nos enviou para trabalhar. O missionário se sente mais à vontade, entende a natureza daquelas pessoas e começa a aparecer os frutos.
Pastor Izidório Borges de Vargas, pastor presidente da Iglesia Evangelica Asemblea de Dios en el Paraguay.